24 de abril de 2006

20 de abril de 2006

Marafona da Santa Cruz



Foi a Ti Maria Oliveira que a fez. Juntamente com a marafona entrega um papelinho que diz assim:

Boneca de trapos feita a partir de uma cruz. Simboliza a Deusa Maia, Deusa da fecundidade. Não tem olhos para não ver e boca para não falar, porque é deitada na cama dos noivos na noite de núpcias, para dar sorte. Deitada em cima das camas, nos dias de grandes trovoadas, afasta-as.

19 de abril de 2006

Catarina Sargento - Ti Chitas


Passear por Penha Garcia, subir ao castelo, descansar os olhos nos moinhos e passar à porta da Ti Chitas, o nº 4 de uma casa branca, baixinha. Ouvir as memórias das mulheres, sentir as pedras debaixo dos pés e comprar uma marafona à Ti Maria Oliveira. Ouvir um AH!, consolado. Olhar à volta... Não há ninguém!... Ah!... Veio da alma.

15 de abril de 2006

Em vias de extinção



Quem declara os sons espécies protegidas? Quem protege determinadas expressões e palavras dos "páqui" e "páli" de todos os dias? Quando não houver ferreiros, onde vamos ouvir os martelos a bater nas bigornas? E a água a correr? Ainda a ouvimos?

4 de abril de 2006

Companhia



Era muito bom. Tinha vindo da Alemanha. Funcionou anos a fio até que se calou. Disseram-lhe que não valia a pena mandá-lo arranjar. Então arranjou outro novo. Umas vezes dá e outras... não. Ele não se importa: ouve quando dá.

3 de abril de 2006

a luz dos nossos ouvidos

Salva-vidas


As caixas não têm vontade própria. Tudo toleram: o bom, o mau... Tudo depende de nós. Podemos guardar coisas boas, ou não. Algumas caixas são diferentes; salvam vidas, salvam memórias, sons prestes a experimentar o silêncio. É bom usá-las.

2 de abril de 2006

Calor da noite


Antigamente não havia aquecimentos. Só a lareira. As noites eram frias. À noite ia dormir com a minha avó para a aquecer. Enquanto não adormecíamos cantava-me canções e contava-me estórias. Ainda hoje me lembro dessa canções e dessas estórias.
(Alice Botelho, 64 anos)