A Castanheira (aldeia do concelho da Guarda) era uma terra de tecedeiras. Mas havia também sapateiros e ferreiros. Tantos eram os trabalhos e as canseiras que os relatos hoje recolhidos nos falam de uma terra em que as luzes nunca se apagavam. (Luzes ténues de candeeiros a petróleo, entenda-se.) Quando uns se deitavam, findo o serão que entrava pela noite dentro, outros já se levantavam para madrugar na arte. Terra de artistas, portanto.
Hoje apenas um tear se mantém em actividade regular. Já não é preciso carregar as mulas e calcorrear quilómetros em direcção às feiras das vizinhanças. As senhoras vêm de automóvel, de Coimbra e do Porto, em busca dos panos de linho e das mantas tradicionais. Quem quer aprender a fiar e a tecer? Quem quer encher canelas? Algumas raparigas já experimentaram, mas o trabalho é duro e, dizem, dá pouco rendimento. Restarão os teares, esculturas magníficas, verdadeiras máquinas do tempo que contam estórias em cada batimento.
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